PRÓLOGO

Você gosta de jogos?
Eles adoram.
Especialmente se colocam fortunas em xeque.

Quem são Eles?
Você já os conhece.

Estão nas principais revistas, meio sociais e cargos importantes. São o chefe que ninguém conhece, são o mito das maiores empresas, das maiores fortunas. Mas, eles estão velhos. Breve serão substituídos. Por quem? PELOS MELHORES. Eis que os melhores sempre o foram. Eles são os alunos de notas mais altas na escola, os medalhistas de ouro nos campeonatos seja do que for, os que nunca erram, nunca são vistos em maus lençóis. Aqueles que todos nós queremos ser: Os Perfeitos.

Contudo, tudo que é misterioso penetra fundo em nossos olhos, instigam nossa alma. Está na essência do ser humano querer conhecer tudo aquilo que ainda não domina. Mesmo que isso custe caro.

E, afinal, qual o preço da perfeição? Penetre fundo nas almas das pessoas que a maioria buscar ser e conheça realmente o lado mal de ser perfeito.


PARTE I
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PARTE II

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Ainda precisou de alguns minutos para conseguir controlar o próprio sorriso e acalmar o pulso forte. Sorria para todos dentro do carro enquanto lhe eram apresentados. Esqueceu o nome de todos depois de ter sido pronunciado, mas apertou a mão de todos e ganhou beijos na bochecha. Depois recebeu uma bronca animada da loura: - Porque diabos você demorou tanto? Nós já íamos te deixar!

A menina sorriu e tentou explicar com sua voz baixa demais para sobressair às outras conversas: - Eu não posso sair no domingo; Ela gesticulou para os próprios trajes e sentiu uma pitada de vergonha na ponta da língua. Aquele vestido demasiado caro não era apropriado para estar sentada no colo de um estranho dentro de um carro apertado e lotado. Ela tentou arrumá-lo ao corpo o máximo que conseguisse, o que não foi muita coisa. A loura riu com muito prazer: - Não acredito! Então acabei de sequestrar a senhorita perfeitinha? Eles vão me matar! E ela parecia realmente deleitada com tudo aquilo. A menina sorriu delicada, mas com um pouco de preocupação: A morta no dia seguinte não seria a loura, mas sim ela mesma. O engraçado é que - naquele momento - não estava nem um pouco incomodada com isso.

- Pra onde estamos indo? Perguntou alguns minutos depois, tentando esconder - sem muito sucesso - as próprias pernas da mão do motorista que brincava com a morena ao seu lado. - Jogar baralho na casa do Allan.

A menina tomou uma mecha do longo cabelo entre os dedos e observou-a, enquanto sua bolsa repousava em seu colo, parecia preocupada. A loura lhe deu um abraço gentil e disse: - Relaxa, nós não vamos fazer nada demais e vamos te entregar inteira em casa...

O carro parou alguns minutos depois. Foi engraçado ver oito pessoas saindo daquele lugar, todas completamente animadas e sorrindo com o vento. O suposto Allan enquanto retirava um molho de chaves do bolso e tentava abrir a porta de entrada do prédio. A loura foi pega no colo pelo rapaz musculoso e levada para dentro junto com os outros.

Restou lá fora apenas Allan segurando a porta e a menina arrumando seus trajes, sem mexer um dedo para adentrar ao local. - Ei... Pode ficar à vontade por aqui. Ela observou onde estavam, parecia um conjunto de apartamentos do outro lado da cidade. Um bairro de estudantes, talvez. Não fazia idéia de como se voltava pra casa.

Só então observou o rapaz sorrindo caloroso para ela e deu alguns passos para frente. Era falta de educação deixá-lo esperando e ela não tinha mesmo pra onde ir (bem, nenhum lugar onde realmente quisesse ir pelo menos)... Ele lhe segurou pela cintura e fechou a porta atrás de si. - Qual é mesmo o seu nome? Perguntou-lhe ao pé do ouvido, abraçado com ela enquanto os dois subiam um lance de escadas. - Mabelly. Ela disse insegura e desvencilhando-se do abraço dele. Não estava acostumada com abraços de estranhos. Ele estranhou a principio, mas não disse nada. Apesar sorriu.

Quando alcançaram a porta do apartamento do rapaz, tudo já parecia pronto. Todos estavam deitados ou sentados em colchões estendidos pelo chão ou no sofá surrado. Os rapazes caminhavam por um corredor que parecia levar a cozinha, trazendo consigo um real estoque de bebidas. Um deles ficara para distribuir as cartas no chão e sorria com uma delas pendurada na orelha, possivelmente imitando aqueles jogadores profissionais.

Allan puxou Mabelly para um dos colchões no chão ao seu lado e a fez se sentar, entregando-lhe uma almofada azul-escuro para cobrir o vestido curto. Ele pegou uma garrafa de cerveja, tragou um gole e sorriu de um jeito animado anunciando: - Mabelly será minha parceira. A loura - que antes parecia bem ocupada sendo abraçada pela cintura por um moreno musculoso - riu com deboche: - Mabelly vai jogar? Quero até ver isso! Vamos Mike, também quero jogar...

A morena de cabelos cacheados cujo nome Mabelly esforçava-se agora para lembrar sorriu para os outros rapazes. Um deles a convidou, mas ela disse que estava bem ali sentada no sofá. Mabelly a observou por alguns instantes e notou uma pequena protuberancia em sua barriga. Apesar dos braços finos e da pouca idade, ela pode perceber que havia algo errado em sua barriga, especialmente porque agora ela desabotoara o jeans e abrira um pouco do ziper, para deixá-la mais confortável talvez. Ela estava grávida.

Estranhamente, Mabelly a observou sorrir quando o seu olhar inquisitor e espantado. Uma cor rubra aprofundou-se nas bochechas dela e a morena disse: - Quatro meses. Ela colocou a mão sobre a barriga e acariciou com ternura. Mabelly observou aquilo com inquietude.

Onde morava e pelos princípios em que havia sido criada, gravidez tão jovem era um sinal de perdição. Meninas como Mabelly jamais poderiam se arriscar de tal maneira, visto que seu futuro era tão promissor. Aquela menina era solteira? Tinha um emprego? O pai assumiria o filho? Quantos anos ela poderia ter, se não dezessete ou dezoito? Os olhos verdes-escuro de Mabelly miraram todos ao redor.

Ninguém parecia incomodado com todas as dúvidas que pairavam por sua cabeça. Será que ela era a única pessoa virgem naquele local? Fra sua próxima pergunta silenciosa. Ao que tudo indicava, sim. De repente ela sentiu-se mais descolada do que mais havia sentido. Todos ali bebiam, jogavam e pareciam completamente libertinos uns com os outros sem que isso incomodasse ninguém. Mabelly não sabia como agir, nem o que falar, ou sobre o que aquela pessoas falavam.

Nunca havia estado tão perdida em meio à tantos desconhecidos.

Allan puxou-a pela cintura quando a viu baixar a cabeça e disse em seu ouvido: - Hey, relaxe sim? A Coraline vai casar mês que vêm, a mãe dela quer matá-la e o pai matar o Matthew, mas eu acredito que eles serão felizes juntos. Mabelly voltou seus olhos para ele. Então alguém havia entendido seus motivos? Alguém havia prestado atenção em suas dúvidas não pronunciadas? E como ele pode adivinhar o que ela estava pensando? 

Sorrindo com simplicidade, Allan virou-se para pegar as cartas que agora era suas. Mabelly o observou por alguns instantes. Ele tinha os braços musculosos, a pele num tom perfeito de bronzeamento e os olhos escuros e intensos, além de um sorriso cheiro de dentes brancos. Seus cabelos crespos estavam escondidos por um boné. E ele era incrivelmente bonito. Mabelly parou alguns instante observando seus lábios carnudos e imaginando a sensação de tocá-los com os dedos.

Então ele virou-se para ela, ainda sorrindo e disse em seu ouvido novamente, num tom mais grave: - Você sabe jogar isso? Ele mostrou-lhe o baralho discretamente. Ela balançou a cabeça com sinceridade. Não fazia idéia de como se jogava aquilo. - Imaginei... Bem, faça o que eu mando, certo? Mas especialmente: fique de olho no baralho do Mike.

Mabelly o observou por alguns instantes. Então era isso? Enrolação? Ela gostou menos do rapaz naquele instante, mas só então percebeu a emoção que poderia ser roubar no jogo. Ela nunca havia feito aquilo. Com discrição, ela percebeu que poderia olhar todas as cartas de Mike. Um pequeno sorriso maldoso cortou seus lábios e ela sentiu uma adrenalina forte pulsar suas veias. Aquilo poderia ser divertido, afinal de contas.

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"Afinal, quem era ela? Já nem sabia responder. Não que já tenha conseguido de um bom modo, mas pelo menos ela tinha alguma idéia. Agora nem isso. Não passava de uma metamorfose diária e adaptável ao meio." - O Tempo, a Casa e a Essência. http://t.co/QvNc7cj