Três degraus e uma estrada de pedras e cascalho. Era tudo que precisava andar antes de embarcar naquele carro com vidros escuros que buzinava em frente à mansão. Uma loura descomunal de olhos verdes cintilantes e roupas justas estava sentada na janela de um desses vidros que fora abaixado e era segurada na altura da cintura por um braço musculoso. Sua risada alta cortava a noite fria e sua voz era animada.
A menina lançou as unhas perfeitamente serradas e pintadas à boca. Não, ela não as roia, mas tinha essa mania de colocá-las entre os dentes. Estaria com sérios problemas se saísse aquele horário num domingo e não tardaria a aparecer alguém da mansão à porta perguntando o que estava acontecendo, como já fazia um ou dois visinhos. Não estava vestida para aquela ocasião e quando o fez, parecia uma boa idéia. Agora isso havia mudado. Quando tempo ainda levaria para algum deles levantar?
Naquele instante ela pensou na fuga. Uma dose de adrenalina foi injetada em sua veia e ela sentiu um sorriso cortando seus lábios rosados. Parecia que havia coragem em seus pulsos, por que não aproveitá-la?
A noite foi cortada pelo barulho de saltos contra cascalhos. A loura e mais algumas vozes urraram de prazer enquanto o coração da menina cortava a noite com batidas altas demais e seus cabelos negros eram lançados contra suaves gotículas anunciando à chuva que estava por vir. Logo a porta do carro foi aberta e num salto para dentro, lançou seu corpo contra pernas musculosas e um beijo no rosto de uma morena que ela nunca havia visto na vida. O carro deu uma ré violenta e saiu a toda velocidade pela estrada. O motorista batia contra a lataria do carro pelo vidro aberto.
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