PRÓLOGO

Você gosta de jogos?
Eles adoram.
Especialmente se colocam fortunas em xeque.

Quem são Eles?
Você já os conhece.

Estão nas principais revistas, meio sociais e cargos importantes. São o chefe que ninguém conhece, são o mito das maiores empresas, das maiores fortunas. Mas, eles estão velhos. Breve serão substituídos. Por quem? PELOS MELHORES. Eis que os melhores sempre o foram. Eles são os alunos de notas mais altas na escola, os medalhistas de ouro nos campeonatos seja do que for, os que nunca erram, nunca são vistos em maus lençóis. Aqueles que todos nós queremos ser: Os Perfeitos.

Contudo, tudo que é misterioso penetra fundo em nossos olhos, instigam nossa alma. Está na essência do ser humano querer conhecer tudo aquilo que ainda não domina. Mesmo que isso custe caro.

E, afinal, qual o preço da perfeição? Penetre fundo nas almas das pessoas que a maioria buscar ser e conheça realmente o lado mal de ser perfeito.


PARTE I
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PARTE II

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Parte II

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Matthew acordou apalpando a cama vazia ao seu lado ainda de olhos fechados. Não sabia bem o porquê, só sabia que sempre tinha esperanças de encontrá-la ali no dia seguinte. Assim como sabia que não a encontraria.

Ele puxou o travesseiro para mais perto do seu rosto. Toda a cama tinha o cheiro dela impregnado. Era tão agradável que ele só levantou por pura obrigação. Seus pés descalços tocaram o chão gélido e isso lhe causou um arrepio. E também desencadeou seu maior medo no momento: uma dor de cabeça insuportável lhe invadiu e ele chutou o ar quando levantou. Maldito uísque da noite passada.

Caminhou preguiçosamente até o banheiro e mirou seu rosto no espelho. A barba por fazer e os olhos avermelhados eram um péssimo sinal. Não poderia deixar que ninguém o visse daquela forma, então tratou logo de tirar a calça de seda branca que havia lhe servido como pijama naquela noite e adentrou para um banho gelado.

Após usar colírio, fazer a barba, escovar os dentes e o rosto já sem o inchado comum do pós-sono, mirou-se no espelho quase orgulhoso. Tratou logo de montar uma máscara que não demonstrava que a dor em sua cabeça estava para matá-lo. Vestiu o uniforme da Royal High School, com suas cores em tons de azul escuro, cinza-claro e sua coruja que mostrava-se sempre atenta no peito dos seus alunos, depois procurou o celular sobre a cama.

Discou o número de Mabelly, que atendeu ao primeiro toque.
- Toma café comigo no lugar de sempre, sim?
- Bom dia pra você também, Matt. E porque ligar? Basta bater aqui do lado...
- É, tanto faz. Esteja lá agora.

Desligou sem mais demora. Não estava muito afim de ouvir vozes, mesmo a de Mabelly que era suave e baixa parecia gritar até mesmo quando suspirava. Ele precisava urgente de um café quando notou o mal humor em níveis altos demais no seu próprio olhar pelo grande espelho da porta. Pegou sua mochila, colocou os livros lá dentro e saiu.

Passou direto pelos corredores, descendo com rapidez as escadarias. Já ia passar direto rumo à porta quando viu uma conhecida cascata de cabelos negros e ombros largos frente à frente. Sebastian sussurava alguma coisa enquanto deixava Mabelly arrumar o parte de trás de sua gola. Um fogo subiu as veias de Matthew sem explicação, percorrendo todo seu corpo. Ele jamais se acostumaria com aquela idéia imbecil de Mabelly noiva de Sebastian. Se alguém ali merecia ser o noivo dela, era o mesmo alguém que Matthew observava todas as manhãs no espelho.

Porquê ele?

De certo Sebastian era o melhor dos meninos dali (irônia menosprezar aquilo visto que eles eram os melhores em tudo), e Mabelly era a melhor dentre as meninas, e fora esse o argumento utilizado por Eles quando anunciaram os noivados. Mas, mesmo assim... Matthew acreditava ser o único que pudesse ser perfeito para ela. A maior prova disso era como ela o tratava e como os dois faziam uma costumeira excelente equipe em competições, como ele podia adivinhar exatamente o que ela faria ou o que diria e mesmo como ela parecia encaixar-se perfeitamente em seu abraço.

Matthew e Mabelly eram o casal perfeito para si mesmos.
Mas, não era assim que Eles pensavam.

Controlando aquele fogo dentro de si, o rapaz caminhou até lá. Pegou exatamente a parte da conversa que lhe interessava. - Ah, Matt! Venha aqui e me ajude a convencer o Sebastian de que estou em plenas condições de ir à escola. Sebastian olhou o rapaz, deu-lhe um aceno e arqueou uma sobrancelha, no seu melhor jeito de dizer "ela não sabe com quem está falando?" e continuou seu discurso: - Ontem você estava péssima, Mabelly. Realmente sem condições de sair para lugar algum hoje. Só estou preocupado com você. Ele disse, pegando a mão dela e beijando seu dorso.

Os três estavam completamente cientes que o rapaz estava, na verdade, lhe dizendo que estava de castigo pelo que havia feito no dia anterior, e claro, continuando a farça para que ninguém que circulava pela sala desconfiasse de nada, mas, Mabelly realmente não iria ceder. Uma coisa era ser seu noivo, outra era querer dar uma de seu pai. - Sebastian, eu estou ótima, olhe para mim... Não pareço ótima, Matt?

O rapaz - que permaneceu calado pois ainda estava irritadiço com a saida da noite passada de Mabelly e com aquela dor de cabeça penetrante - finalmente disse algo: - Acho que o Sebastian está certo, Mabelly. Você ainda parece um tanto pálida... disse pegando o queixo dela e lhe fazendo olhar nos seus olhos.

Ela lançou um olhar indignado para Matthew, desvencilhando-se do toque dele. De todas as pessoas ali,  ele era o único de quem ela esperava algum argumento à seu favor, ele tinha completa consciência disso. Mas, o que ele podia fazer? Ele merecia.

- Mas, Sebastian, conheço um excelente café aqui próximo que faria muito bem a ela. Sebastian observou o rapaz sem entender sua mudança de opinião acerca do castigo de Mabelly. - Não tenho tempo de levá-la até lá antes do horário da Academia. Preciso resolver algumas coisas... Observando agora os olhos contentes de Mabelly, Matthew completou: - Ah, eu não vejo problema em levá-la até lá eu mesmo. Piscou um dos olhos para ela e sorriu, completando: - E depois trazê-la novamente para casa. Observou os olhos de Sebastian agora, que ponderava.

- Bem, sendo assim... Ele disse, ainda indeciso, mas olhando um relógio e percebendo que estava na hora de ir. - A traga em meia hora, sim Matthew? E Mabelly, minha querida, fique deitada... Fará muito bem a você ficar sozinha com seus pensamentos. E dito isso, ele saiu elegantemente pela porta.

Matthew o observou até sua saída, depois sentiu as mãos de Mabelly em seu braço e escutou seu sussurro: - Tire-me daqui agora. Ele sorriu a ela e caminhou até que também pudessem encontrar a porta. Assim que viu as luzes fortes do dia que amanhecia, a dor de cabeça aumentou em torrente. Aquele seria um longo dia, pelo visto, pensou antes de colocar os óculos escuros, abrir a porta para Mabelly e adentrar ao carro.

Se permitem a esta narradora um comentário: Você nem sabe o quanto, Matthew querido.

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"Afinal, quem era ela? Já nem sabia responder. Não que já tenha conseguido de um bom modo, mas pelo menos ela tinha alguma idéia. Agora nem isso. Não passava de uma metamorfose diária e adaptável ao meio." - O Tempo, a Casa e a Essência. http://t.co/QvNc7cj