Allan estava agora deitado em seu colo, brincando com seus dedos. Ele observava suas unhas perfeitamente pintada e lixadas e a textura macia contra a luz. - Deve ter demorado um bocado para fazer todos esses desenhos. Você que fez? Mabelly observou-lhe os olhos e balançou a cabeça negativamente. Havia ficado o dia inteiro arrumando aquilo tudo aquilo num salão para a noite que deveria estar agora. Ela prendeu uma pequena risada. Era tão bom não precisar preocupar-se com nada pelo menos uma vez.
Ele levantou-se sem entender o motivo da risada dela e puxou-lhe pelo braço. - Vamos lá na cozinha comigo, Belly... Preciso beber algo. Mabelly o observou puxando-a para o corredor meio escuro e deixou-se levar, mesmo sentindo uma estranha sensação de que não o deveria fazer. Mas, após aquelas horas, ela sentia que deveria confiar no rapaz. Só não conseguiria explicar porquê.
Tateando a parede atrás de um interruptor e cruzando seus dedos aos de Mabelly enquanto o fazia, Allan era iluminado pela pouca luz que vinha da sala de estar. Ali na cozinha, uma janela havia sido esquecida aberta, também iluminando um pouco o local. Mabelly caminhou até ali descruzando seus dedos dos do rapaz que abriu a porta da geladeira e procurava por alguma coisa, após constatar que a luz ali havia queimado.
Recostou-se ali no para-peito. O céu estava escuro e pingado por algumas estrelas. Era noite de lua nova. Ali do quarto andar, Mabelly sentiu que poderia tocar a copa da árvore à alguns metros. Nesse instante, sentiu seu corpo sendo coberto por outro. O queixo de Allan agora recostava na curva do seu pescoço enquanto as mãos dele envolviam sua cintura, ela podia sentir uma garrafa gelada contra seu corpo.
Esquivou-se um pouco, mas ele não recuou. Ele soltou uma das mãos de sua cintura, a mesma que segurava uma garrafa de cerveja, e desprendeu o que restava daquele penteado bonito que já estivera nos cabelos da menina. Cheirou suas madeixas e deixou-se perder o rosto entre os fios por alguns instantes. Depois levou seus lábios ao pescoço da menina e deu-lhe alguns beijos. Mabelly lançou a cabeça para trás e fechou os olhos, tudo que predominava em seu pensamento era o quão errado e o quão bom aquilo poderia ser ao mesmo tempo.
Allan percorreu o pescoço todo da menina, girando o corpo dela até que sua boca estava em seu queixo e a cintura dela de frente à sua. Ele percorreu ainda sua bochecha até chegar em seu ouvido, enquanto suas mão prendiam-se nas costas da menina. Mabelly estava com os pêlos do braço eriçados e aproveitando cada um dos espasmos que percorriam seu corpo, até que um surto lhe percorreu. Ela abriu os olhos e disse na orelha próxima dele: - Estou noiva.
Por um instante, Allan parou. Depois ele cruzou mais ainda seus braços nas costas de Mabelly e a abraçou, recostando sua cabeça novamente na curva do pescoço dela. - E onde está seu anel de noivado? Ele perguntou baixo demais, com a voz decepcionada.
Mabelly levou a mão direita até onde seus olhos pudessem vê-la e só então percebeu a ausência. Saiu-se do abraço do rapaz e com os olhos muito assustados e correu para a sala, onde procurou pelo chão, em um desespero silencioso. Todos à observaram. Allan voltou da cozinha tomando um gole longo da garrafa e recostando-se na parede. - O que você está fazendo, Belly? perguntou Nicole, tirando a boca da do moreno musculoso. - Perdi um anel... Ela respondeu com simplicidade. - De noivado. O dela. Allan completou com um tom ácido, recebendo de Mabelly uma desaprovação.
Todos observaram Mabelly por alguns instantes. Nicole parecia ter levado um soco: - NOIVA?! Como assim Mabelly está noiva? De quem? Mabelly não parou de procurá-lo enquanto lançava um olhar significativo à amiga. Nicole entendeu e não podia acreditar: - E você está ficando louca?! Vocês nunca nem namoraram, como assim vão se casar?! Porque você vai casar com aquele nerd-tapado-e-metido, Belly?! Por favor, me responda!
Mabelly observou o desespero da amiga e quis chorar. Ela queria poder explicar para Nicole, mas não poderia. Ela jamais entenderia. - Ajude-me a procurar, sim? Coraline levantou-se observando o seu anel em seu dedo e parecendo saber exatamente como Mabelly estava se sentindo, começou a ajudá-la a procurar. Todos seguiram seu exemplo, menos Allan. Após revirarem a casa sem nenhum sucesso. Mabelly saiu porta afora procurando pela escadaria.
Allan a seguiu preguiçosamente até encontrá-la no segundo lance. - Você não chegou aqui com ele; declarou com simplicidade. - E porque você não me contou antes?! Mabelly lançou um olhar desentendido para ele. - Porque eu preferia acreditar que você estava me dando um fora bem bolado, à acreditar realmente que você vai se casar.
Ela o observou. Depois recolheu o vestido e sentou-se no chão, abaixando a cabeça: - Não é bem uma decisão minha, Allan... Desculpe se eu lhe magoei, não era minha intensão, juro. Allan foi até lá e sentou-se ao lado dela. Levantou o queixo dela com o dedo indicador, a fez olhar nos seus olhos e sorriu com simplicidade. Ela tentou sorrir também, sem muito sucesso, mas com muita intensão. Depois ele lhe beijou nos lábios.
E ela o correspondeu.
Nenhum comentário:
Postar um comentário